Este texto foi originalmente escrito há mais de 6 anos, e como faz tempo, não me lembro de muitas referências de onde retirei informações para escrevê-lo.
Na época, a ideia era apresentar aos meus alunos o conceito de Sistemas e um breve relato histórico da Informática, já que começaríamos a falar sobre Sistemas de Informação. Tratava-se de uma disciplina de Informática Básica para alunos do curso de Administração (razão pela qual falamos de empresas no texto). Outro objetivo do texto era mostrar como vários nós estão relacionados em uma teia de eventos que nos trouxeram à Sociedade Informacional na qual vivemos hoje.
Obviamente quando falamos em Informática (não necessariamente em Computação), tendemos a ficar entre o futurista e o desatualizado, tal a rapidez da evolução tecnológica de nossos dias. Mas, ainda assim, alguns pontos desse texto se mantém atuais (após leves modificações), e é por isso que ele está aqui. Boa leitura!
Tudo está em tudo
O que é um sistema? Bem, podemos dizer que um sistema é uma combinação de partes coordenadas para formar um todo, interrelacionando-se com vistas a um determinado resultado final. O nosso corpo biológico é um sistema, cujas partes se mantêm interdependentes com a finalidade de promover sua própria vitalidade. Uma empresa é um sistema. O planeta como um todo é um sistema, cujas partes somos nós mesmo, outros seres vivos e as estruturas minerais, tudo concorrendo de forma orgânica para manter todo o globo da forma em que se encontra, ou seja, sem algumas dessas partes, o organismo global seria bem diferente.

O corpo humano é um sistema, assim como o nosso planeta.
Para citar apenas dois exemplos em forma de perguntas, que acha que seria da diversidade de vida na Terra sem os vegetais? E se não houvesse oxigênio ou carbono? Enfim, trata-se de um sistema realmente vivo essa bola azul em que pisamos!
Continuando… No que diz respeito à interação com o meio externo, os sistemas podem ser abertos ou fechados, e no que concerne à sua estrutura, eles podem ser estáticos, dinâmicos ou homeostáticos.
Os sistemas abertos se caracterizam por manterem relação de troca e interdependência com o meio externo, ou seja, ambos se influenciam mutuamente. O nosso corpo, por exemplo é um sistema aberto, pois temos que nos alimentar, e o alimento vem do meio externo; temos também que eliminar as toxinas residuais dos processos digestivos, e tudo isso vai para o meio externo, além do que, ainda temos que realizar trocas gasosas por meio da respiração. Como partes integrantes de nosso próprio corpo, temos subsistemas (que não deixam de ser, por sua vez, sistemas também), como o Sistema Nervoso, o Sistema Cardiorrespiratório, o Sistema Digestório, o Sistema Excretor, o Sistema Endócrino etc.
O Sistema Nervoso, por exemplo, é um sistema aberto, pois necessita do trabalho de outros sistemas que com ele se relacionam: precisa dos nutrientes provenientes do Sistema Digestório, que os “injeta” na corrente sanguínea, precisa do Sistema Cardiorrespiratório que irá bombear sangue com nutrientes e oxigênio… e por aí vai; da mesma forma, os outro sistemas dependem do controle do Sistema Nervoso para operarem com vistas ao objetivo maior que é manter o corpo vivo e funcionando direitinho! Enfim, no caso do sistema aberto, se não houver troca com o meio externo, partes do sistema podem vir à falência, ou mesmo o sistema inteiro.
Abaixo, temos um diagrama simplificado do que seria um sistema aberto (no caso do corpo humano, por exemplo, podemos substituir a palavra processamento por metabolismo).

Sistema Aberto.
Os sistemas fechados são obviamente o contrário dos sistemas abertos! Eles não dependem do meio externo para funcionarem ou existirem. Um aparelho de barbear, por exemplo, é um sistema fechado. Tenha você barba ou não, ele vai funcionar do mesmo jeito e, embora ele necessite de pilhas e você poderia aludir que as pilhas se compram no supermercado (portanto viriam de fora), eu diria que as pilhas, diferentemente dos alimentos que ingerimos, são simplesmente partes do sistema. Sem pilhas, o barbeador não funcionaria, não porque as pilhas vêm parte do meio externo, mas justamente o contrário, porque elas são partes internas importantíssimas, sem as quais o sistema estaria incompleto. A própria pilha, em si, quando estabelecido um curto circuito entre os pólos, se caracteriza por um sistema fechado. De qualquer forma, acredito que não exista um sistema “completamente” fechado, mas talvez sistemas com diferentes níveis de abertura, quem sabe?

A mesa (sistema estático), a escola (sistema dinâmico) e o corpo humano (sistema homeostático)
Os sistemas também podem ser, como o dissemos, estáticos. Isso significa que a atuação de suas partes não modificam a estrutura do sistema. Por exemplo uma ponte, uma mesa.
Os sistemas dinâmicos já se caracterizam pelo fato de que o funcionamento de suas partes ou, a mudança de função dessas, modificam a estrutura de todo o sistema. Uma escola, um hospital, ou o sistema político brasileiro são exemplos de sistemas dinâmicos, eles nunca são os mesmos depois de determinado tempo (podem melhorar ou se desestruturarem).
Já o sistema homeostático não perde sua estrutura fundamental, mesmo que suas partes se modifiquem bastante. Um exemplo, novamente, é nosso próprio corpo. Neste caso, devo explicar que homeostasia, ou homeostase, é a capacidade que têm os sistemas de manterem um equilíbrio dinâmico, entre suas diversas partes e com o meio externo, por intermédio do mecanismo de retroação (feedback). Ou seja, seu equilíbrio vem do seguinte fato: a resposta (saída) do sistema é avaliada pelo próprio sistema e serve de base (entrada) para uma nova resposta. Por exemplo, quando estamos andando, nosso cerebelo (parte mais inferior do encéfalo) fica o tempo todo avaliando o movimento das pernas, do tronco e dos braços para não perdermos o equilíbrio, o que nos evita de esborrachar no chão… andar não é coisa tão simples! Por isso, os sistemas homeostáticos tendem ao progresso, ao desenvolvimento.
E uma empresa? Que tipo de sistema seria uma empresa? Podemos dizer que as empresas são sistemas abertos, pela interação que elas mantém com o ambiente externo, e dinâmicos pela forma como suas partes definem a estrutura e os objetivos (saídas/respostas). Elas se reestruturam, visando à adequação eficaz de suas características e funções, quando ocorrem determinados fatos no ambiente externo, e ao mesmo tempo, quando ocorrem eventos internos. Ou seja, tais ocorrências influenciam a modificação do ambiente empresarial, as disposições, funções e relações de suas partes, e até mesmo os objetivos da própria empresa e seu ramo de atuação. Isso não impede que uma empresa venha a ter características homeostáticas, como por exemplo, avaliar sua atuação no mercado e usar isso para melhorar seu desempenho. Para isso ela vai precisar de um Sistema de Informação… mas vamos falar disso mais à frente!
De qualquer forma, a empresa pode ser vista como um sistema composto de vários subsistemas e departamentos, e parte de um supersistema: o mercado. Ou pode ser vista como um supersistema, composto de vários sistemas e departamentos que, por sua vez serão compostos por subsistemas, seções e setores. Tudo depende do ponto de vista…
… E por falar em ponto de vista. A Visão Sistêmica é uma interessante forma de se ver o mundo, pois lhe permite não apenas ver as partes, mas compreender o todo, as partes e, principalmente, as relações entre as partes (entre sistemas e entre sistemas e meio externo, também). E, como disse, os sistemas são compostos por partes que se interagem, constituindo um todo, o que significa que não podemos compreender um sistema se tentarmos entender apenas suas partes funcionando isoladamente. Para se compreender um sistema é preciso vê-lo de forma global, atentando para as relações de interdependência entre suas partes.
Informando… informando…
Compreendida essas noções preliminares a respeito de sistemas, vejamos um sistema específico, que é o Sistema de Informação.
Que isso? Ora, o próprio nome já pode nos induzir a pensar no que se trata. Um Sistema de Informação é um sistema que trata de informações. Essas informações podem se caracterizar tanto como entrada, quanto como saída, ou ainda como resposta intermediária interna (que ocorre dentro do sistema mesmo). Veja o diagrama abaixo:

Sistema de Informação.
No caso acima, podemos ter três sistemas diferentes, com suas respectivas entradas e saídas, ou simplesmente os três formando um sistema maior, cuja entrada são dados e a saída são Atitudes/Ações, sendo que os sistemas 1, 2 e 3 passam a ser partes (subsistemas) desse sistema maior.
Enfim, de maneira curta e grossa, Sistemas de Informação são sistemas que têm Dados como entrada e Informações como saída… ou Conhecimento, ou Atitudes… depende da abrangência do sistema. Assim, dizemos que Dados são registros de um determinado evento (externo ou não). A Informação já são os Dados organizados de forma a fazer algum sentido. O Conhecimento é a Informação devidamente tratada e compreendida capaz de gerar mudanças de entendimento. Este Conhecimento, quando “digerido” e posto em prática, pode mudar o comportamento (dos indivíduos ou do sistema todo), gerando novas Atitudes/Ações.
Muito bem! Agora, de que forma posso implantar um Sistema de Informação num sistema empresa? Será que vou ter que usar computadores??? É uma boa fazer isso… eu acho! O que você acha? Na verdade, hoje podemos dizer que os computadores são o cerne dos Sistemas de Informação. Ele “lê” dados; armazena dados; processa, classifica, calcula dados; busca, recupera, pesquisa, seleciona dados; obtém ou “devolve” resultados. Suas vantagens são bem essas: velocidade e confiabilidade. Então, façamos bom uso deles!
Cabe ainda dizer que os computadores são também sistemas: Sistemas Computacionais. Mas para compreendê-los a partir de uma visão sistêmica, devemos nos lembrar que tudo se relaciona de alguma forma, tudo está em tudo, por isso tudo tem uma história, uma razão de ser e as coisas somente são assim hoje porque vieram sofrendo modificações, devido a diversas variáveis, ao longo do tempo. O computador, assim, também tem sua história.
E assim nasceu o micro
Antes de falarmos dos computadores… bem, eu sei que você deve estar ansioso(a) por isso, mas precisamos apenas definir o que é Informática. Bom, já falamos de Sistemas de Informação e, como podemos perceber Informática e Informação têm as mesmas raízes etimológicas. Sem rodeios, podemos dizer que a Informática é a parte da Computação que permite o tratamento racional da informação de forma totalmente automática.
Bom, então vamos contar essa historinha…

O surgimento do micro?
A origem dos computadores é incerta, ele não teve um inventor, nem um criador, nem um pai, nem um descobridor, nem foi uma revelação astrológica. Ele é simplesmente a evolução de diversos meios inventados pela humanidade para se curtir preguiça, ou seja, para automatizar trabalhos e esforços, diminuindo o tempo de nossas ações.
Tudo começou lá na pré-história quando começamos a contar os dedos! Pensa que é brincadeira, né? Pois é, mas as palavras digitus (latim) e dactilo (grego) significam dedo! Tudo bem que quando começamos a escrever, já não estávamos mais na pré-história, mas aprendemos a contar os dedos (lá pelo ano 10.000 a.C., não sei) antes da invenção da escrita… Também a palavra cumputare (latim) significa fazer conta, e cálculo vem de calculus (latim) que significa pedra. É que os babilônicos (que não falavam latim) contavam seus rebanhos de ovelhas usando pedrinhas, de acordo com a “equação” abaixo:
1 ovelhinha = 1 pedrinha

Ábaco.
Avançando um pouco no tempo, houve a época (talvez lá por 3.000 a.C.) em que inventaram o ábaco, um artefato parecido com uma lira grega com bolinhas que deslizavam pra lá e pra cá, representando unidades, dezenas, centenas etc. Até hoje ele pode ser utilizado para realizar cálculos com tranqüilidade.
Dando um salto maior ainda no tempo, vamos direto para a Idade Média (entre 476 e 1453), mais especificamente para o final dela.
Os artefatos tecnológicos não evoluíram muito rápido nesse meio tempo, mas o perfil feudal da Europa estava aos poucos mudando. À medida que a Igreja perdia prestígio artístico para os renascentistas, filosóficos para os humanistas, religiosos para os protestantes e políticos para os chefes de estado, novas necessidades foram surgindo. A burguesia crescente e o Capitalismo Mercantil já começavam a exigir que os cálculos financeiros para a construção de estruturas se tornassem mais rápidos. Ao mesmo tempo, o Renascimento e o Humanismo impeliam a Ciência e a Filosofia a mais altos vôos, iniciando pesquisas e invenções fantásticas (o grande “tudólogo” Leonardo da Vinci é dessa época). Não podemos nos esquecer que a Reforma Protestante contribuiu bastante para o afastamento da Ciência do jugo da Igreja Romana, e também para o avanço do Capitalismo. Essas duas vertentes, a Ciência e a Economia, foram as principais molas propulsoras das invenções que se seguiram nos próximos séculos.
Estamos agora já na Idade Moderna (1453 a 1789) e o que vemos ao final desse período é um Capitalismo um tanto diferente, que chamamos de Capitalismo Industrial. Grande avanços na Filosofia e na Matemática trazem novas idéias aos “desocupados” inventores. John Napier, em 1614, inventa o logaritmo! E pra que serve isso? Ora, a escala musical é logarítmica (Johan Sebastian Bach utilizou logaritmos para criar a escala temperada… sem isso, você nunca teria ouvido uma sinfonia), a escala de medidas de terremoto (Escala Richter) também é logarítmica. O logaritmo facilitava bastante os cálculos de multiplicação e divisão com números muito grandes, substituindo multiplicação por adição e divisão por subtração (log (A∙B) = Log A + log B e log (A/B) = log A – log B, lembra?), mesmo porque as primeiras máquinas de calcular apenas realizavam somas e subtrações. Também é nessa época que Isaac Newton inventa o Cálculo Diferencial e Integral, que revolucionou a matemática. George Boole, já no século XIX (Idade Contemporânea) cria o que conhecemos por álgebra booleana: simplesmente a base lógica dos computadores atuais (ou é zero ou é um… ou aceso ou apagado… e assim por diante).
Ainda na Era Moderna e depois na Era Contemporânea, vimos um surpreendente avanço da economia em larga escala, já com princípios da globalização como a conhecemos hoje. Aliás, é preciso dizer que o advento e o progresso da Informática não foi um fato isolado no mundo, mas um fenômeno sistêmico. E principalmente do pré-Renascimento pra cá, ele sempre esteve atrelado a um sistema econômico: o Capitalismo!

Réplica da máquina diferencial de J. Muller (de 1786).
As primeiras máquinas dessa época funcionavam na mão mesmo: alguém tinha que rodar manivelas, fazer isso e aquilo. Elas quebravam o maior galho, mas davam um trabalho… Não podiam ser chamadas de automáticas. Além disso, para a época, era até divertido ver essas engenhocas mecânicas cheias de manivelas e engrenagens funcionando!
Mas houve um sujeito francês chamado Joseph-Marie Jacquard (1752-1834) que teve uma idéia genial: ele tinha uma fábrica de tecidos, na época de Napoleão, e várias máquinas manipuladas por muitos funcionários para tecer peças com várias cores e desenhos; certo dia ele resolveu aperfeiçoar suas máquinas colocando cartões perfurados como instruções para elas. Funcionava assim: era inserido na engenhoca um cartão com vários furos e vários lugares sem furos, então alguns pinos da máquina passavam por furos e outros não; isso gerava um desenho no tecido com variadas cores. Assim, com um mesmo cartão, as peças saiam sempre iguaizinhas, e se quisesse fazer diferente, era só fazer outro cartão. Resultado: a indústria de Jacquard foi talvez a pioneira no quesito desemprego em massa.
Os ex-empregados, claro, se revoltaram e sabotaram as máquinas de Jacquard. Aliás, sabotagem vem do francês sabot, uma espécie de tamanco de madeira que os revoltados enfiavam entre as engrenagens das máquinas para fazê-las parar de funcionar.
Depois um inglês chamado Charles Babbage (1792-1871), aproveitando as idéias de Jacquard criou o “quase” primeiro computador. Ele idealizou uma máquina que não apenas calculasse, mas também automaticamente imprimisse os resultados, resolvendo inclusive as equações diferenciais de Newton. Esse inglês chegou mesmo a passar 40 anos (os últimos de sua vida) mergulhado no projeto de sua “Analytical Engine”.
Ela seria composta por quatro módulos interligados: a) Computação (adição, subtração, multiplicação, divisão e uma operação decisória elementar); b) Memória (um banco de mil “registradores” cada um com capacidade para 50 dígitos); c) Alimentação (controle/entrada de dados/instruções por cartões perfurados); d) Saída (relatório impresso automaticamente). É mole? Pena que ele não viveu a tempo de construí-la. Mesmo assim, em 1835, Lady Lovelace (Ada Byron) escreve um programa (isso mesmo: um programa!) para demonstrar como a máquina funcionaria.
Mas um dos feitos mais interessantes ocorreu nos Estados Unidos (por que sempre lá?). Foi de um sujeito chamado Hermann Hollerith, que fazia a estatística do censo americano. O último censo tinha demorado sete anos para ficar pronto e, pelos seus cálculos, como a população tinha aumentado, o censo de 1890 demoraria bem uns dez anos! Ele então construiu uma máquina para tabular dados através de cartões perfurados e colocou 300 delas para funcionar em prol do censo. Cada cartão se referia aos dados de uma única pessoa. No fim, o censo de 55 milhões de pessoas ficou pronto em “apenas” dois anos. Claro que como um bom americano, capitalista, vendo o sucesso de sua engenhoca, fundou uma empresa: a Tabulating Machine Company (TMC) em 1896, mas depois mudou o nome em 1924, para International Business Machines (IBM, já ouviu falar?).

International Business Machine (IBM).
Após a Primeira Grande Guerra (1914-1918), o mundo já estava mais amadurecido para as inovações tecnológicas e vimos muitos inventos surgirem: a memória magnética (1900); a válvula elétrica (1906); a máquina de Turing (1936); os primeiros circuitos eletrônicos valvulados (1938); o primeiro computador eletromecânico (1941); os computadores alemães (Z1, Z2, Z3 e Z4 – década de 40 a 50) de Conrad Zuze e a Zuze Company que se transformou na Siemens em 1969; os computadores Mark I e Colossos (1943); o Mark II (1945).
Já após a Segunda Guerra (1939-1945), o “bum” foi maior. Não o da bomba de Hiroxima, mas o da tecnologia aplicada aos processamentos de dados. Em 1946, temos a criação do ENIAC nos EUA, com instruções programáveis, código binário, memória interna, 18 mil válvulas, míseras 30 toneladas, ocupando um espaço equivalente a 24 x 5 m e cuja sala onde se instalava, apesar dos potentes ventiladores, chagava a frescos 67 ºC.
O ENIAC precisava ser operado por várias pessoas, não tinha teclado ou monitor de vídeo (até então ninguém tinha, na verdade) e suas válvulas queimavam a toda hora. Em 1947 é inventado o transistor, que substituiria a válvula. Ele durava mais, esquentava menos e tinha o tamanho pelo menos de 10 a 30 vezes menor. O chip (pastilha) é inventado em 1958; trata-se de um circuito integrado (CI) numa única cápsula.
Todo esse avanço da eletrônica teve reflexo nos rádios, televisores, telefones, empresas, setor militar, administrativo, espacial… foi (e ainda é) uma revolução tecnológica que acabou influenciando na vida social e de família… Nada no Universo se dá isoladamente, tudo se relaciona, se encadeia, se solidariza, daí a importância de uma visão sistêmica e orgânica.
Na década de 60, vimos a invenção da memória em disco; satélites foram postos em órbita; o ser humano foi posto em órbita e depois ainda pisou na Lua. Na década de 70, vimos o surgimento do microprocessador (da Intel, claro); surge a Microsoft (com os jovens Paul Allen e William Gates); surge também a Apple (com Steve Jobs e Steve Wozniak).
Três sujeitos de 25 anos, fanáticos por ficção científica, se puseram a pensar em juntar protótipos de equipamentos e transformá-los em algo útil para matar o tempo. Assim surgiu o SpaceWar, o primeiro jogo de computador. Aí já existiam os monitores e teclados.

Xerox Alto.
A Xerox Corporation, não querendo perder o bonde do avanço tecnológico, decidiu investigar algumas opções de negócios que poderia vir a ter no futuro e chegou, após dois anos, a duas idéias bem interessantes.
A primeira foi um protótipo chamado de Alto: uma tela vertical de televisão acoplada a um teclado semelhante ao de uma máquina de escrever e ambos conectados a uma caixa pouco maior que um gabinete atual, dentro da qual programas com instruções faziam a coisa funcionar. O conceito era incrivelmente revolucionário para uma época em que computadores eram equipamentos enormes, pesadões e, principalmente, caríssimos, tanto que só grandes empresas podiam possuir um.
O Alto possuía algumas outras características bem interessantes: os cientistas criaram pequenos desenhos que ficavam na tela, facilmente reconhecíveis, através dos quais era possível abrir programas: os ícones bem conhecidos por nós; para abrir os desenhos, foi usado um pequeno aparelho, ao movê-lo, reproduzia os movimentos na tela: era o mouse; ao invés de fazer os caracteres, eles já apareciam prontos a partir de milhões de pontos isolados (ou pixels como conhecemos): hoje chamamos isso de bit mapping.
O Alto era tão avançado que muitas de suas características não apareceriam nem na primeira geração dos microcomputadores da Apple, em 1976, mas só na seguinte, com o Macintosh, em 1984. Pena que o Alto nunca foi posto à venda!
A segunda grande idéia foi a previsão de interligar todos os computadores pessoais, o que permitiria a seus usuários acessar e transferir dados uns para os outros. É bom lembrar que nem os grandes computadores tinham capacidade de fazer esse tipo de interação na época. Nome que os cientistas da Xerox deram a essa rede: Ethernet.
Em 1978, temos o micro doméstico, ligado à TV e armazenando dados em fita K7. Isso aconteceu há apenas alguns anos e veja o que temos hoje…

Capa da Time de 1982. O Computador foi considerado a personalidade do ano.
Em 1982, a revista TIME elegeu o micro como o “homem do ano”!
Daí em diante, vimos o avanço dos PCs (Personal Computers) da IBM (o IBM-PC) e depois o Macintosh da Apple, com interfaces gráficas, cores e… mouse! O nosso querido Atari é dessa época também.
Na década de 90, vimos o surgimento do processador Pentium (Intel), a difusão do sistema operacional Windows (Microsoft) e a popularização da Internet. Aqui no Brasil, a explosão da web se deu mais ou menos em 1995.
Nos anos 2000, o que temos é Orkut, Facebook, MSN Messenger, Twitter e Google!!! Uau!!! Na década seguinte, os tablets, os smartphones e uma enxurrada de aplicativos. Como as coisas mudaram desde os cartões perfurados de Jacquard, né?
Claramente, podemos perceber que as maquinas avançaram e ainda avançam, mas a ponta de lança ou a locomotiva da tecnologia computacional, desde a década de 90, vem se deslocando da máquina para os programas, ou melhor, de hardware para software. E no que diz respeito à Informação, cada cidadão conectado ao ciberespaço acabou se tornando não apenas um consumidor, mas também gerador de informação/conteúdo/aplicativos, demonstrando cada vez mais claramente que o padrão de rede (compartilhamento, cooperatividade e auto-organização) predominará no futuro.
A revolução causada pelos micros é patente, ninguém pode negar! Aristóteles dizia que não podemos perder a capacidade de ficarmos estupefatos, surpresos, maravilhados… nada nesse mundo é simplesmente trivial. Como disse, tudo tem uma história, tudo se relaciona, tudo se encadeia. Você mesmo que agora lê esse texto, criando imagens mentais, tem sua história de vida, que se relaciona com outras vidas e nesse meio tempo o computador fez e faz parte dela.
O microprocessador invadiu nossas vidas: máquinas de café de escritório ou de refrigerante dos postos de gasolina, que parecem um armário, têm um microprocessador. Quando o usuário escolhe sua opção – café com leite, pouco açúcar, por exemplo –, a máquina executa uma operação, a partir de instruções fixas e seqüenciais: baixa o copinho, mistura os pós de café e de leite e o açúcar, esquenta e despeja a água, e libera o misturador de plástico. Tudo isso é feito a partir de um computador.
As grandes inovações tecnológicas trazidas pela máquina modificaram completamente o perfil dos conhecimentos e habilidades das pessoas, exigindo uma reformulação da formação profissional e dos talentos humanos. O impacto da moderna tecnologia sobre o comportamento das pessoas foi certamente profundo e definitivo.
O computador trabalha para você! Lojas, escritórios, carros, bancos, jogos, eletrodomésticos e as escolas foram, direta ou indiretamente, invadidos pelos computadores. Ele já faz parte de nossa vida diária, da minha, da sua… não há como negar esse fato! Se é assim, cumpre-nos, então, fazer bom uso dessa ferramenta, avaliando sempre os prós e os contras. Novamente, apelamos para uma visão sistêmica da vida.
O que não falamos neste texto, porém, foi da sociedade em rede que emerge definitivamente a partir dessa segunda década do século XXI… Isso ainda é papo para outros textos!