Falávamos de tecnologia e educação no último ensaio, vamos continuar esse papo…
O mundo mudou radicalmente nos últimos 100 anos, e é inútil tentar aqui elencar todas essas mudanças, mas é acordo geral que do pondo de vista tecnológico, demos um salto impressionante.
Isso impacta a educação. Impacta? Bem, sim e não! Parece que tem impactado meio que nas bordas, nos discursos teóricos, nos anseios pedagógicos, mas pouco nas práticas, infelizmente.

Século XIX e hoje!
A boa notícia é que não há mais como fugir. Se em décadas anteriores, o acesso a tecnologias de informação e comunicação de ponta (e são essas que mais nos interessam quando falamos de educação) era restrita a uma pequena parcela da população, hoje podemos dizer que a coisa se democratizou bastante.
Conceitos como interconectividade, comunicação, interação, compartilhamento e colaboração (para citar só alguns) são tão vivos, ou tão vividos atualmente em nossa sociedade, que nos admiramos em como as escolas, em sua maioria absoluta, parecem ser anti-comunicação, anti-interação, anti-compartilhamento, anti-colaboração, e claro, anti-conexão com a vida.
O nosso modelo educacional foi forjado como uma necessidade de um sistema capitalista industrial, há cerca de 150 anos, para uma sociedade que não existe mais. Vivemos hoje uma revolução tecnológica iniciada a 40 anos e que moldou irreversivelmente nossa sociedade, uma terceira revolução industrial, dessa vez informacional. A força motora agora é o conhecimento.
Só que o que caracteriza essa revolução não é a centralização da informação ou do conhecimento, mas justamente o seu espalhamento em progressão exponencial, ou melhor dizendo, a sua aplicação na geração de novos conhecimentos e informações, que criam novos dispositivos tecnológicos, e esses são utilizados para processar informações e comunicar, gerando um ciclo cumulativo de inovação e uso.
Os próprios usuários da tecnologia se apropriam dela, a redefinem, desenvolvem novos processos e acabam por assumir seu controle. E esses usuários são cada vez mais jovens!
Enfim, a mente humana, nos dizeres de um Manuel Castells, se tornou, pela primeira vez na história, uma força direta de produção, e não mais apenas um elemento de decisão no sistema produtivo. Neste modo informacional de produção, o foco não está mais na “indústria”, mas nas mentes. O que temos é a ação dos conhecimentos sobre os próprios conhecimentos como fonte primordial de produtividade. (Para um aprofundamento do que você leu nesses últimos três parágrafos, recomendo o estudo da obra A Sociedade em Rede, que é o volume 1 da coleção A era da informação: economia, sociedade e cultura, do sociólogo espanhol Manuel Castells)
E graças à Internet, aos dispositivos tecnológicos, e principalmente às pessoas (sim, e que somos nós mesmos e não ETs), vivemos, portanto, numa sociedade informacional, capaz de comunicação em rede, em ambientes virtuais e presenciais, de forma interativa e comunitária.
Mas… vemos isso nas escolas?
Se quisermos utilizar a tecnologia a nosso favor em prol de uma educação alinhada ao tempo atual, e não ao século XIX, precisamos que pelo menos os conceitos a seguir se materializem nas instituições de ensino:
- Interconectividade
- Virtualidade
- Comunicação em rede
- Interação
- Comunidade
- Colaboração
- Compartilhamento
Lembrando que não estamos falando de máquinas interconectadas, mas de pessoas! Senão tendemos a continuar fazendo o velho com o novo.
Bom, em todo caso, ou a escola se adequa ou desaparecerá. E como penso que a segunda opção é fictícia, fico animado com nossas possibilidades educacionais: imaginem as escolas funcionando como verdadeiras teias de pessoas e conhecimentos, tecidas por elas mesmas em comunidades educativas num futuro próximo!
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Gosto de pensar que em um futuro não muito distante teremos um, estudo de qualidade e eficiência. Como diz um Amigo, somos Espíritos encarnados no século xxI com as idéias e os conceitos no séculos passados.
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